O Mercado consumidor chinês

Cronologia das relações comerciais entre Brasil e China (importação)

No contexto atual de globalização e de mercados altamente ligados e dependentes dos produtos de diversos países não poderíamos deixar de prestar a devida atenção à China e a sua relação com os produtos brasileiros.

Neste texto de hoje apresentaremos brevemente o início dessas relações comerciais entre China e Brasil, bem como os principais produtos exportados nos últimos anos, a balança comercial brasileira de acordo com esses produtos e por fim o mercado consumidor em si que a China possui.

INÍCIO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E CHINA

O Brasil possui uma antiga relação diplomática e comercial que remete ao século 19, o que acabou por ser intensificar na década de 90, enquanto eles passavam por mudanças internas em sua economia. No caso do Brasil, os governos FHC, Collor e Itamar estavam buscando atingir a maior liberalização comercial e aumentar a inclusão do país no comércio global. Foi nesse período que houve a criação do MERCOSUL, já tratado por nós aqui no Blog (colocar o hiperlink), gerando ótimos resultados para o Brasil e para os outros países da América do Sul.

Uma informação interessante é que o Plano Real apresentou algumas modificações, como o caso da moeda brasileira ser, de maneira artificial, pareada com o dólar, levando as importações a se tornarem mais baratas para a indústria brasileira.

Já na China, com as reformas de Deng Xiaoping que começaram em 1979, antes mesmo das que o Brasil fez, levaram o país ao grande aumento do seu PIB, uma média de 10,3% entre os anos de 1991 e 2001. Os resultados dessas reformas tem relação com o processo de industrialização voltado para a exportação de produtos baratos, justamente por que a mão de obra é também barata.

Em 2000, aconteceu o que é chamado de Boom das Commodities ocorrido quando a demanda internacional, especialmente a chinesa, fez os preços subirem. O que levou o Brasil ao posto de importante parceiro comercial. O viés desse Boom foi que a indústria brasileira não teve capacidade de acompanhar o fluxo das exportações de matéria prima, levando a desindustrialização.

A conjuntura dessas mudanças foi a Globalização, como já citada anteriormente, levando os países e a economia se tornarem dependentes um do outro, afetando diretamente nas mudanças nos preços de outros países.

Principais exportações brasileiras

A China tem se destacado nas últimas décadas por sua ascensão como potência comercial, com uma economia que apresentou um ritmo de crescimento acelerado e constante. Os efeitos da expansão da economia chinesa, no entanto, se refletem em outros países, em especial no Brasil. A demanda dos chineses por commodities fez com que a demanda e os preços desses produtos aumentassem e, por conseguinte, fez com que o Brasil vivenciasse um aumento de suas exportações nessa categoria. Atualmente, a balança comercial brasileira com os chineses é favorável, o que significa dizer que o Brasil exporta mais do que importa. No último ano (2021), o Brasil teve um superávit de cerca de U$40 bilhões, o que demonstra a importância dessas trocas comerciais.

De modo geral, o Brasil apresenta uma relação de exportação com os chineses baseadas em produtos como minérios de ferro e seus derivados, grãos de soja, óleos brutos de petróleo, carne bovina e pastas químicas. Nos últimos 20 anos, esses cinco tipos de produtos estiveram entre os mais exportados pelo Brasil, acompanhando o crescimento chinês e a expansão de sua indústria. Assim, nota-se que as exportações brasileiras para a China estão compostas majoritariamente por produtos primários e de baixo valor agregado, ou seja, que demandam baixa tecnologia para sua produção. Em contrapartida, o Brasil importa produtos manufaturados com maior valor agregado, que no ano de 2021 representaram 1/5 das importações brasileiras.

Assim, para entender a importância chinesa para as exportações brasileiras, vejamos os números de 2021; o país exportou um montante de U$ 280.814.577.460,00 e somente as exportações brasileiras com a china desses 5 tipos de produtos somam U$ 76.228.842.480,00, o que representa 27,14% das exportações em geral.

O gráfico a seguir traz em número as exportações brasileiras desses 5 tipos de produto, e pode-se observar que houve uma tendencia de crescimento das importações chinesas, o que reforça a importância desse parceiro comercial para a economia brasileira:

Fonte: Comex stat

A balança comercial brasileira em relação a esses produtos

Segundo dados buscados no Comex Sat, em 2021, os principais produtos exportados para a China em 2021 foram os seguintes:

Produtos exportados para a China em 2021
ClassificaçãoProdutoValor FOB (US$)
1Minérios de ferro e seus concentrados        27,1 bilhões
2Soja26,2 bilhões
3Minérios de ferro e seus concentrados        12,8 bilhões

Dessa forma, vemos que om relação aos principais produtos exportados para a China, a Indústria de extração sai na frente, logo após vem o Agropecuária e a Indústria de Transformação.

Até novembro de 2021, o Brasil aponta um Superávit de US$ 39,7 bilhão, isso significa que foram exportados mais produtos para a China do que importados do país. Entretanto, o país ocupa atualmente o 1º lugar no ranking de importações. Já no ranking das exportações, a China também ocupa o 1º lugar dos países que mais compram produtos brasileiros.

Só para exemplificar, em 2021 a Balança Comercial entre os dois países nos apresentou, um Superávit de US$ 39.37 bilhões, valor relativamente alto se comparado com outros países da China. Embora ainda tenha um importante campo a ser explorado nas relações do Comex.

O mercado consumidor chinês na economia global

Em 2018, foi estimado que metade da população chinesa atingiu a classe média, número entorno de 707 milhões de pessoas de acordo com cálculos do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, que definem a classe média como aqueles que ganham entre US$ 10 e US$ 50.

Na economia mundial, acompanhando a expansão chinesa, esse mercado tem grande influência na atuação e comércio de empresas. Pelas estimativas feitas desde 2000, a participação do mercado consumidor chinês vem subindo, tendo sido 7% do consumo global naquele ano e, já na metade da década de 2010, atingiu 25%. Vale pontuar que, de acordo com previsões, essa participação saltará para 44% a partir de 2040. Ademais, o valor consumido vem subindo rapidamente, com em média de 12% de crescimento ao ano, e mesmo que a pandemia tenha abalado a economia da China, essa tendência possivelmente continuará.

Já em relação ao que é consumido em si, os chineses vêm tendo preferência nas áreas de tecnologia, artigos de luxo e serviços. O mercado consumidor chinês já consome mais de US$  1 trilhão de dólares em bens de consumo tecnológicos, além de que, só em 2016, a China foi responsável por US$ 75 bilhões de dólares de gastos em produtos de luxo. Os serviços também são outro segmento muito preferido pelos consumidores chineses, como é o caso dos planos de saúde, acompanhando o envelhecimento da população.

Ou seja, a China tem um poderoso e influente mercado consumidor, que compete com os mercados ocidentais, chamando a atenção de diversas empresas estrangeiras. Seu rápido crescimento é resultado da inserção chinesa na globalização, o que, segundo previsões, ainda tem muito para crescer, mesmo com os efeitos da pandemia.